Óscar Domínguez
Ano, local de nascimento 1906, Espanha
Ano, local de morte 1957, França
Filho de um rico agricultor de Tenerife, uma das ilhas do arquipélago das Canárias, Dominguez viaja até Paris, em 1927, a pedido do pai, para controlar a chegada da mercadoria proveniente da propriedade familiar. Já sensibilizado para a arte graças ao pai, pintor amador, interessa-se por tudo o que descobre nas galerias, museus e salões parisienses. Repara, em particular, nas obras de Pablo Picasso, Yves Tanguy e Salvador Dalí. No ano seguinte regressa à ilha para cumprir o serviço militar e só volta a Paris em 1929. Quando o pai morre, em 1931, tem de ganhar a vida: faz ilustrações para publicidade. As suas primeiras telas surrealistas, influenciadas por Dalí, datam de 1932. São destacadas pela revista Gaceta de Arte de Tenerife, para a qual passará a escrever com regularidade. Em 1933, apresenta uma exposição individual no Círculo de Bellas Artes de Tenerife.
No fim de 1933, Domínguez conhece finalmente os surrealistas e a sua pintura, com temas poéticos desalinhados, muito próxima de Dalí e Max Ernst, seduz André Breton e Paul Éluard. Participa logo nas atividades do grupo. Está presente, em 1933, na exposição dos objetos surrealistas na Galerie Pierre Colle, em Paris (revela-se um criador de objetos incríveis, tendo-se perdido até hoje a maior parte); depois, em 1934, na exposição internacional do surrealismo em Copenhaga. Desenvolve então, em muitas pinturas, o tema da lata de sardinhas aberta (como em Los Porrones [Os porrões], 1935). Uma pintura como La Machine à coudre électro-sexuelle [A Máquina de coser eletrossexual], de 1935, tem um grande sucesso no grupo. Em 1935, organiza na sua ilha natal, no Ateneu de Santa Cruz, uma exposição surrealista sob o patrocínio da revista Gaceta de Arte.
Em 1936, Domínguez utiliza nos desenhos o processo da «decalcomania»: pinta com guache preto sobre uma folha de papel, aplica por cima outra folha branca; finalmente, separa as duas folhas antes do guache secar. Os resultados daquilo a que chama de «decalcomania sem objeto preconcebido» apaixonam todos os surrealistas, incluindo aqueles que nunca tocaram num pincel. As decalcomanias são reproduzidas na revista Minotaure de junho de 1936, acompanhadas de um texto de Benjamin Péret «Entre chien et loup» [Entre cão e lobo] e outro de Breton «Décalcomanie sans objet préconçu, décalcomanie du désir» [Decalcomania sem objeto preconcebido, decalcomania do desejo] (reproduzidos em Le Surréalisme et la peinture). Breton vê neste processo uma renovação da técnica automática, assim como a fumagem de Wolfgang Paalen, a grattage de Esteban Francés ou as composições não dirigidas de Roberto Matta.
Domínguez, doravante uma das figuras centrais do grupo, encanta os amigos com os seus trabalhos, mas inquieta-os, porém, com a sua extrema violência. Ficará para a história do surrealismo como aquele que feriu Victor Brauner, em 1938, privando-o de um olho. Está presente na exposição de 1936, no Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque, Fantastic Art, Dada and Surrealism [Arte fantástica, dada e surrealismo], nas exposições internacionais do surrealismo de Londres (Burlington Galleries, 1936) e de Paris (Galerie Beaux-arts, 1938, para a qual Breton empresta Le Tireur [O atirador], 1934, da sua coleção).
Com o início da guerra, procura deixar a França, ficando durante uns tempos em Perpignan e depois em Marselha, frequentando Breton e outros, participando no famoso Jeu de Marseille (cria as cartas Freud mage de rêve – Étoile e As de rêve – Étoile). Como não consegue sair, volta a Paris e participa nas atividades do grupo La Main à plume, sendo um dos seus principais ilustradores. Na altura priva muito com Picasso. A primeira exposição individual ocorre na Galerie Louis Carré, em 1943, com um prefácio de Paul Éluard. Já se deteta uma evolução influenciada por Picasso e Giorgio de Chirico. Esta evolução dececiona os amigos surrealistas ao ponto de ser afastado da exposição internacional do surrealismo, na Galerie Maeght (Paris, 1947). O seu último feito de armas surrealista é a grande inscrição «Desejo a morte de 30.000 padres a cada três minutos» na exposição surrealista de Bruxelas, em 1945. Uma retrospetiva importante, em 1955, no Palais des beaux-arts de Bruxelles, mostra a originalidade daquele a que Breton chamava de «dragoeiro das Canárias». Domínguez suicida-se em 1957, cortando os pulsos, ao mesmo tempo que o seu melhor amigo, Jacques Hérold, no outro extremo de Paris, improvisa uma cena num jogo coletivo surrealista e cai fulminado, paleta na mão, depois de beber aquilo que devia ser sangue.
AC
No fim de 1933, Domínguez conhece finalmente os surrealistas e a sua pintura, com temas poéticos desalinhados, muito próxima de Dalí e Max Ernst, seduz André Breton e Paul Éluard. Participa logo nas atividades do grupo. Está presente, em 1933, na exposição dos objetos surrealistas na Galerie Pierre Colle, em Paris (revela-se um criador de objetos incríveis, tendo-se perdido até hoje a maior parte); depois, em 1934, na exposição internacional do surrealismo em Copenhaga. Desenvolve então, em muitas pinturas, o tema da lata de sardinhas aberta (como em Los Porrones [Os porrões], 1935). Uma pintura como La Machine à coudre électro-sexuelle [A Máquina de coser eletrossexual], de 1935, tem um grande sucesso no grupo. Em 1935, organiza na sua ilha natal, no Ateneu de Santa Cruz, uma exposição surrealista sob o patrocínio da revista Gaceta de Arte.
Em 1936, Domínguez utiliza nos desenhos o processo da «decalcomania»: pinta com guache preto sobre uma folha de papel, aplica por cima outra folha branca; finalmente, separa as duas folhas antes do guache secar. Os resultados daquilo a que chama de «decalcomania sem objeto preconcebido» apaixonam todos os surrealistas, incluindo aqueles que nunca tocaram num pincel. As decalcomanias são reproduzidas na revista Minotaure de junho de 1936, acompanhadas de um texto de Benjamin Péret «Entre chien et loup» [Entre cão e lobo] e outro de Breton «Décalcomanie sans objet préconçu, décalcomanie du désir» [Decalcomania sem objeto preconcebido, decalcomania do desejo] (reproduzidos em Le Surréalisme et la peinture). Breton vê neste processo uma renovação da técnica automática, assim como a fumagem de Wolfgang Paalen, a grattage de Esteban Francés ou as composições não dirigidas de Roberto Matta.
Domínguez, doravante uma das figuras centrais do grupo, encanta os amigos com os seus trabalhos, mas inquieta-os, porém, com a sua extrema violência. Ficará para a história do surrealismo como aquele que feriu Victor Brauner, em 1938, privando-o de um olho. Está presente na exposição de 1936, no Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque, Fantastic Art, Dada and Surrealism [Arte fantástica, dada e surrealismo], nas exposições internacionais do surrealismo de Londres (Burlington Galleries, 1936) e de Paris (Galerie Beaux-arts, 1938, para a qual Breton empresta Le Tireur [O atirador], 1934, da sua coleção).
Com o início da guerra, procura deixar a França, ficando durante uns tempos em Perpignan e depois em Marselha, frequentando Breton e outros, participando no famoso Jeu de Marseille (cria as cartas Freud mage de rêve – Étoile e As de rêve – Étoile). Como não consegue sair, volta a Paris e participa nas atividades do grupo La Main à plume, sendo um dos seus principais ilustradores. Na altura priva muito com Picasso. A primeira exposição individual ocorre na Galerie Louis Carré, em 1943, com um prefácio de Paul Éluard. Já se deteta uma evolução influenciada por Picasso e Giorgio de Chirico. Esta evolução dececiona os amigos surrealistas ao ponto de ser afastado da exposição internacional do surrealismo, na Galerie Maeght (Paris, 1947). O seu último feito de armas surrealista é a grande inscrição «Desejo a morte de 30.000 padres a cada três minutos» na exposição surrealista de Bruxelas, em 1945. Uma retrospetiva importante, em 1955, no Palais des beaux-arts de Bruxelles, mostra a originalidade daquele a que Breton chamava de «dragoeiro das Canárias». Domínguez suicida-se em 1957, cortando os pulsos, ao mesmo tempo que o seu melhor amigo, Jacques Hérold, no outro extremo de Paris, improvisa uma cena num jogo coletivo surrealista e cai fulminado, paleta na mão, depois de beber aquilo que devia ser sangue.
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