Jacques Hérold
Ano, local de nascimento 1908, Roménia
Ano, local de morte 1987, França
Nacionalidade França
Durante a sua adolescência na Roménia, Hérold recusa muito cedo o ensino académico da pintura. Graças a revistas, descobre aquilo que se passa em França e interessa-se pelo movimento Dada e pelo surrealismo. A revista Unu publica os seus primeiros desenhos, ao lado dos do seu compatriota Victor Brauner. Chega a Paris em 1930, com 20 anos de idade. Os primeiros tempos são difíceis e realiza diversos biscates, entre os quais como «homem das limpezas» em casa do seu compatriota Constantin Brancusi, em Impasse Ronsin. O poeta Claude Sernet, também ele romeno, apresenta-o em 1931 ao seu círculo de Montparnasse: Victor Brauner, Alberto Giacometti, Arthur Adamov, Benjamin Fondane ou Yves Tanguy. O encontro com este último será determinante: Jacques Hérold fica impressionado ao ver pela primeira vez um quadro de Tanguy, que lhe revela um mundo estranho. Os dois pintores tornam-se amigos e partilham a sua miséria.
Em 1934, Tanguy apresenta-o a André Breton e Hérold começa a participar nas atividades do grupo surrealista, apesar de não apreciar muito a disciplina coletiva. A primeira rutura com Breton acontece em 1935, quando ele ousa propor para a exposição de Londres uma tela cujo tamanho é superior à de Pablo Picasso. Porém, ao longo dos anos, sobretudo a partir de 1938, a sua participação será mais importante e é-lhe reconhecido um dom para a invenção de jogos novos. Uma das suas séries de quadros, Les Écorchés [Os Esfolados], é inspirada em sonhos ligados a acidentes de viação que testemunhou durante a infância. A sua obra evolui, então, sustentada na sua obsessão por cristais. As suas pinturas são feitas de pedaços de vidro e de espelhos e de cristais de gelo.
Aquando da declaração de guerra, Hérold deixa Paris em direção a Perpignan, onde se encontra com Óscar Domínguez e Brauner. Muda-se depois para Marselha e instala-se na Villa Air-Bel, tentando partir para os Estados Unidos da América através da rede organizada por Varian Fry, do Comité Americano de Auxílio aos Intelectuais, que ajudava os artistas e intelectuais a partir para o outro lado do Atlântico. Com Breton, André Masson, Max Ernst, René Char, Wifredo Lam, Domínguez ou Benjamin Péret, participa em atividades coletivas, como a criação de um jogo de cartas inspirado no tarot chamado de Jogo de Marselha: é incumbido de desenhar duas cartas intituladas Sade (Génie de Révolution – Roue) [Sade (Génio da revolução – roda)] e Lamiel (Sirène de Révolution – Roue) [Lamiel (Sereia da revolução – roda)]. Não chega, contudo, a abandonar França e esconde-se, até 1942, no bairro árabe de Porte d'Aix, onde vive da confeção de croque-fruits [uma guloseima feita à base massa de amêndoa e tâmaras]. Regressa a Paris com documentos falsos que ele próprio fabrica (o facto de ser judeu romeno condenava-o). As ligações ao grupo surrealista não se romperam, apesar da ocupação. É assim consignatário, em 1943, do prefácio a La Parole est à Péret. Participa nas atividades do La Main à Plume, o único grupo surrealista então subsistente em França. Refugia-se depois no maciço do Lubéron, nas aldeias de Oppède e Lacoste.
Por altura da Libertação, Hérold ocupa um lugar de destaque no seio do grupo surrealista encantado pelos seus totens, reunidos sob o nome de Grands transparents, como na exposição Le Surréalisme en 1947 na Galerie Maeght, em Paris. O conjunto dos seus quadros é apresentado, nesse mesmo ano, na Galerie des Cahiers d'Art, com um prefácio de André Breton. Este texto, que será recuperado em Le Surréalisme et la peinture, analisa as obras recentes do pintor, em particular o seu trabalho sobre a cristalização das formas. Termina do seguinte modo: «Jacques Hérold, grão de fósforo nos dedos, sobre a floresta de radiolários. Jacques Hérold, lenhador em cada gota de orvalho». Em 1951, aquando do «caso Carrouges», Hérold distancia-se do grupo, não deixando de ser convidado para diversas exposições e atividades, como com o grupo Phases ou a revista Néon. Ilustra L'Aigle, Mademoiselle, uma coleção de cartas do Marquês de Sade reunidas por Gilbert Lely, em 1949, La Terre habitable de Julien Gracq, em 1951, e Miroir du merveilleux de Pierre Mabille, em 1962.
No 1.º de maio de 1968, cola sobre os muros de Paris cartazes sobre os quais copiara, à mão, textos subversivos de Duprey, Luca, Butor ou Sade.
AC
Em 1934, Tanguy apresenta-o a André Breton e Hérold começa a participar nas atividades do grupo surrealista, apesar de não apreciar muito a disciplina coletiva. A primeira rutura com Breton acontece em 1935, quando ele ousa propor para a exposição de Londres uma tela cujo tamanho é superior à de Pablo Picasso. Porém, ao longo dos anos, sobretudo a partir de 1938, a sua participação será mais importante e é-lhe reconhecido um dom para a invenção de jogos novos. Uma das suas séries de quadros, Les Écorchés [Os Esfolados], é inspirada em sonhos ligados a acidentes de viação que testemunhou durante a infância. A sua obra evolui, então, sustentada na sua obsessão por cristais. As suas pinturas são feitas de pedaços de vidro e de espelhos e de cristais de gelo.
Aquando da declaração de guerra, Hérold deixa Paris em direção a Perpignan, onde se encontra com Óscar Domínguez e Brauner. Muda-se depois para Marselha e instala-se na Villa Air-Bel, tentando partir para os Estados Unidos da América através da rede organizada por Varian Fry, do Comité Americano de Auxílio aos Intelectuais, que ajudava os artistas e intelectuais a partir para o outro lado do Atlântico. Com Breton, André Masson, Max Ernst, René Char, Wifredo Lam, Domínguez ou Benjamin Péret, participa em atividades coletivas, como a criação de um jogo de cartas inspirado no tarot chamado de Jogo de Marselha: é incumbido de desenhar duas cartas intituladas Sade (Génie de Révolution – Roue) [Sade (Génio da revolução – roda)] e Lamiel (Sirène de Révolution – Roue) [Lamiel (Sereia da revolução – roda)]. Não chega, contudo, a abandonar França e esconde-se, até 1942, no bairro árabe de Porte d'Aix, onde vive da confeção de croque-fruits [uma guloseima feita à base massa de amêndoa e tâmaras]. Regressa a Paris com documentos falsos que ele próprio fabrica (o facto de ser judeu romeno condenava-o). As ligações ao grupo surrealista não se romperam, apesar da ocupação. É assim consignatário, em 1943, do prefácio a La Parole est à Péret. Participa nas atividades do La Main à Plume, o único grupo surrealista então subsistente em França. Refugia-se depois no maciço do Lubéron, nas aldeias de Oppède e Lacoste.
Por altura da Libertação, Hérold ocupa um lugar de destaque no seio do grupo surrealista encantado pelos seus totens, reunidos sob o nome de Grands transparents, como na exposição Le Surréalisme en 1947 na Galerie Maeght, em Paris. O conjunto dos seus quadros é apresentado, nesse mesmo ano, na Galerie des Cahiers d'Art, com um prefácio de André Breton. Este texto, que será recuperado em Le Surréalisme et la peinture, analisa as obras recentes do pintor, em particular o seu trabalho sobre a cristalização das formas. Termina do seguinte modo: «Jacques Hérold, grão de fósforo nos dedos, sobre a floresta de radiolários. Jacques Hérold, lenhador em cada gota de orvalho». Em 1951, aquando do «caso Carrouges», Hérold distancia-se do grupo, não deixando de ser convidado para diversas exposições e atividades, como com o grupo Phases ou a revista Néon. Ilustra L'Aigle, Mademoiselle, uma coleção de cartas do Marquês de Sade reunidas por Gilbert Lely, em 1949, La Terre habitable de Julien Gracq, em 1951, e Miroir du merveilleux de Pierre Mabille, em 1962.
No 1.º de maio de 1968, cola sobre os muros de Paris cartazes sobre os quais copiara, à mão, textos subversivos de Duprey, Luca, Butor ou Sade.
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