René Magritte
Ano, local de nascimento 1898, Bélgica
Ano, local de morte 1967, Bélgica
A infância de René Magritte, filho de um alfaiate e de uma modista, é marcada por várias mudanças de casa e pelo suicídio da sua mãe, em 1912. Em 1916, inscreve-se na Académie royale des Beaux-Arts de Bruxelles. Victor Servranckx é um dos seus colegas. Pierre-Louis Flouquet fá-lo conhecer o cubismo e o futurismo e introdu-lo no meio da vanguarda de Antuérpia. Magritte interessa-se pelo movimento de arte abstrata De Stijl. Em 1920, conhece aquele que virá a ser o seu companheiro de vida, o poeta e colagista E.L.T. Mesens, sensível ao espírito dadaísta.
Depois do serviço militar, em 1922, trabalha na fábrica de papéis de parede Peters-Lacroix com Victor Servranckx, que entretanto se tornara abstrato. Redigem em conjunto L’Art pur. Défense de l’esthétique. Mais tarde, ganha a vida desenhando cartazes e anúncios publicitários.
René Magritte começa a expor os seus quadros mas, em 1925, descontente com a sua produção, decide voltar à figuração, privilegiando as representações de pormenores. Graças ao poeta Marcel Lecomte, descobre a obra de Giorgio de Chirico, que o impressiona fortemente, assim como a poesia surrealista. Magritte encontra o seu meio e convive com Mesens e Lecomte, e outros poetas como Camille Goemans e Paul Nougé, ou o compositor André Souris. Colabora com Mesens na revista dadaísta Œsophage. Pinta então os seus primeiros quadros surrealistas como La Fenêtre [A janela], de 1925, e Le Jockey perdu [O jóquei perdido], de 1926. Em 1926, assina um contrato com a Galeria le Centaure, em Bruxelas, e pode finalmente deixar o seu trabalho na publicidade. A sua primeira exposição individual tem lugar no ano seguinte. É fortemente atacado pela crítica.
Pouco depois, Magritte instala-se em França, nos subúrbios parisienses, em Perreux-sur-Marne. Conhece os surrealistas e participa nas atividades do grupo (exposição surrealista organizada por Goemans, em 1928, revista La Révolution surréaliste em 1929, exposição de colagens La Peinture au défi [A pintura ao desafio], em 1930). Liga-se, em particular, a Paul Éluard, André Breton, Hans Arp, Joan Miró e, mais tarde, a Salvador Dalí (passa o verão de 1929 em Cadaqués, com Dalí e Éluard). Por motivos materiais, e talvez devido a um relacionamento complicado com Breton, regressa a Bruxelas em 1930. O grupo surrealista belga está então em plena efervescência, progressivamente enriquecido por Louis Scutenaire, Paul Colinet, Marcel Mariën e Achille Chavée, todos poetas.
Magritte determina então o seu repertório de objetos e de modelos que expande infinitamente (bilboqués, balaústres, maçãs, tubas, guizos, cenas de praia, cortinas...), bem como a sua técnica ilusionista (árvore-folha, pássaro-folha, coexistência noite-luz, petrificação, ausência de gravidade, cabeças de manequins, tábuas de madeira bruta...). Por volta de 1927, começa a inscrever sobre a tela palavras relacionadas com os objetos pintados. Em 1933, uma exposição individual – organizada no Palais des Beaux-Arts de Bruxelas – confirma o seu lugar proeminente no meio artístico dessa cidade. Embora continue a manter relações com o grupo surrealista parisiense, participando em todas as exposições, a sua vida e os seus amigos estão em Bruxelas. Em 1934, uma das suas criações mais célebres e mais fortes, Le Viol [A violação], é escolhida para ilustrar a capa da brochura de Breton Qu’est-ce que le surréalisme?. Em 1936, Julien Levy organiza a sua primeira exposição nos Estados Unidos da América, que dá início a uma série de exposições internacionais evidenciando um grande sucesso popular.
A partir de 1943, Magritte abandona a sua técnica habitual feita de superfícies lisas, para regressar – até 1947 – a um estilo próximo do impressionismo, à maneira de Renoir. Parece querer trazer luminosidade a um período particularmente sombrio.
Em 1945, Breton escolhe a segunda versão do Modèle rouge [Modelo vermelho] para ilustrar a capa da segunda edição da sua obra Le Surréalisme et la Peinture. Embora a sua pintura se tenha afastado do automatismo originalmente preconizado, o impacto das imagens que propõe, a descontextualização dos objetos, o humor, a poesia, o sonho, o erotismo que daí emanam... Obrigam Breton a reconhecer o lugar de relevo de Magritte no surrealismo. Irá dedicar-lhe dois textos especiais, em 1961 e 1964, reeditados na edição de 1965 de Le Surréalisme et la peinture. A retrospetiva do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque, em 1965, chega como conclusão de uma simples vida de burguês em Bruxelas, rodeado de amigos poetas, mas também de inventor prolífico de imagens que continuam a fascinar.
AC
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