Matta (Roberto Antonio Sebastián Matta Echaurren)
Ano, local de nascimento 1911, Chile
Ano, local de morte 2002, Itália
Roberto Matta inicia estudos de arquitetura e design em Santiago (Pontifícia Universidad Católica de Chile, 1929-1931). Em 1933, alista-se na marinha mercante, o que lhe permite chegar à Europa. Trabalha em Paris, 1933/1934, no atelier de Le Corbusier. Conclui a sua formação em Londres, tornando-se assistente de Josep Lluís Sert, no projeto de construção do pavilhão da República Espanhola para a Exposição Internacional de Paris, em 1937 (será profundamente marcado pela obra Guernica, de Pablo Picasso, a cuja elaboração assiste, dia após dia). Durante a sua estadia, visita a International Surrealist Exhibition [exposição internacional surrealista]. Por ocasião de diversas viagens à Europa, estabelece ligação com Federico García Lorca, Henry Moore, Roland Penrose e René Magritte. Lorca apresenta-o a Salvador Dalí, que o incita a encontrar-se com André Breton, feito conseguido graças à insistência de Esteban Francés, que o desafia a mostrar àquele os seus desenhos, em outubro de 1937, na Galerie Gradiva. Breton adquire, de imediato, dois deles e convida-o a participar numa ilustração de Os Cantos de Maldoror e na exposição surrealista seguinte (1938).
Matta abandona, pouco depois, a arquitetura para lançar-se na pintura, realizando Cosmogonies [cosmogonias], psychologies morphologiques [psicologias morfológicas] ou architectures psychologiques [arquiteturas psicológicas], representações de paisagens mentais que associam formas figurativas e abstratas, na linha da escrita automática. Pressentem-se, nelas, as influências de Dalí e Yves Tanguy, e do gravador Stanley William Hayter. Logo desde a introdução ao grupo surrealista, Matta associa-se a todas as suas atividades (a Exposition internationale du surréalisme [exposição internacional do surrealismo], na Galerie Beaux-arts, em 1938, a revista Minotaure) e figura entre a nova geração, a de Wolfgang Paalen, Gordon Onslow Ford, Óscar Domínguez, Hans Bellmer, Victor Brauner, Kurt Seligmann ou Paul Delvaux. No final da primavera de 1939, passa uma temporada em Chemillieu, com Breton, Tanguy, Francés e Onslow Ford.
Declarada a guerra, e a conselho de Marcel Duchamp, deixa a Europa no início de 1940 para se instalar em Nova Iorque, onde reencontra Tanguy. Matta é um dos membros mais ativos dos «artistas no exílio». Seis meses após a sua chegada, expõe na Julien Levy Gallery (e, de novo, em 1943; expondo igualmente na galeria de Pierre Matisse, em 1942, 1944 e 1945). O seu amigo Onslow Ford dá conferências sobre o surrealismo na New School of Social Research, onde as obras de Matta são amplamente comentadas. Entre a assistência figuram William Baziotes, Arshile Gorky e Robert Motherwell, que frequentam o seu atelier, assim como Mark Rothko e Jackson Pollock. Em companhia de Motherwell, Matta faz uma viagem ao México, durante o verão de 1941. Por todas essas ligações com a nova geração e pelo seu envolvimento na vida nova-iorquina, contribui para o nascimento do expressionismo abstrato americano. Participa nas atividades do grupo surrealista, que se reconstitui com a chegada de Breton, em 1941. Este último desenvolve, então, o mito dos «Grands transparents» e utiliza um desenho de Matta, Los Grandes Transparentes, que lhe proporciona uma transposição gráfica da sua intuição.
No final da guerra, Matta permanece algum tempo nos Estados Unidos da América. De regresso à Europa, em 1948, estabelece-se em Roma, até 1954. Em 1948, é excluído do grupo surrealista devido à sua relação com Agnes Magruder, mulher de Gorky, sem dúvida uma das razões do suicídio do pintor arménio.
Obras grandiosas evocam as questões por que se interessa, como, em 1951, o processo dos Rosenberg (Les Roses sont belles [as rosas são belas]); em 1957, a tortura na Argélia (La Question Djamila [a questão djamila]); em 1963, a execução de Julian Grimau (Les Puissances du désordre [os poderes da desordem]); ou em 1965-1966, a Guerra do Vietname (Burn, Baby Burn) e o racismo no Alabama. O seu investimento político torna-se cada vez mais importante: oferece a obra Si Cuba, si Argelia también ao Musée national des beaux-arts de Argel, para celebrar o nascimento da República Argelina; participa, em 1968, no primeiro Congresso de Havana, para discutir os problemas culturais dos países subdesenvolvidos; envolve-se de forma ativa nos acontecimentos de maio de 1968, em França; e, finalmente, em 1973, assume uma posição violenta contra o golpe de estado do general Pinochet, no Chile, cortando toda a relação com a sua pátria. Após uma grande retrospetiva na sua cidade natal, dois anos antes, é decretado um luto de três dias em honra da memória do filho da nação chilena, aquando do anúncio da sua morte.
Colorida e violenta – e mesmo agressiva, no início –, a sua obra povoada de robôs, autómatos e insetos, figuras primitivas e formas oníricas, ilustra os sonhos alucinados e os pesadelos congelados da nossa civilização tecnológica.
André Cariou
Matta abandona, pouco depois, a arquitetura para lançar-se na pintura, realizando Cosmogonies [cosmogonias], psychologies morphologiques [psicologias morfológicas] ou architectures psychologiques [arquiteturas psicológicas], representações de paisagens mentais que associam formas figurativas e abstratas, na linha da escrita automática. Pressentem-se, nelas, as influências de Dalí e Yves Tanguy, e do gravador Stanley William Hayter. Logo desde a introdução ao grupo surrealista, Matta associa-se a todas as suas atividades (a Exposition internationale du surréalisme [exposição internacional do surrealismo], na Galerie Beaux-arts, em 1938, a revista Minotaure) e figura entre a nova geração, a de Wolfgang Paalen, Gordon Onslow Ford, Óscar Domínguez, Hans Bellmer, Victor Brauner, Kurt Seligmann ou Paul Delvaux. No final da primavera de 1939, passa uma temporada em Chemillieu, com Breton, Tanguy, Francés e Onslow Ford.
Declarada a guerra, e a conselho de Marcel Duchamp, deixa a Europa no início de 1940 para se instalar em Nova Iorque, onde reencontra Tanguy. Matta é um dos membros mais ativos dos «artistas no exílio». Seis meses após a sua chegada, expõe na Julien Levy Gallery (e, de novo, em 1943; expondo igualmente na galeria de Pierre Matisse, em 1942, 1944 e 1945). O seu amigo Onslow Ford dá conferências sobre o surrealismo na New School of Social Research, onde as obras de Matta são amplamente comentadas. Entre a assistência figuram William Baziotes, Arshile Gorky e Robert Motherwell, que frequentam o seu atelier, assim como Mark Rothko e Jackson Pollock. Em companhia de Motherwell, Matta faz uma viagem ao México, durante o verão de 1941. Por todas essas ligações com a nova geração e pelo seu envolvimento na vida nova-iorquina, contribui para o nascimento do expressionismo abstrato americano. Participa nas atividades do grupo surrealista, que se reconstitui com a chegada de Breton, em 1941. Este último desenvolve, então, o mito dos «Grands transparents» e utiliza um desenho de Matta, Los Grandes Transparentes, que lhe proporciona uma transposição gráfica da sua intuição.
No final da guerra, Matta permanece algum tempo nos Estados Unidos da América. De regresso à Europa, em 1948, estabelece-se em Roma, até 1954. Em 1948, é excluído do grupo surrealista devido à sua relação com Agnes Magruder, mulher de Gorky, sem dúvida uma das razões do suicídio do pintor arménio.
Obras grandiosas evocam as questões por que se interessa, como, em 1951, o processo dos Rosenberg (Les Roses sont belles [as rosas são belas]); em 1957, a tortura na Argélia (La Question Djamila [a questão djamila]); em 1963, a execução de Julian Grimau (Les Puissances du désordre [os poderes da desordem]); ou em 1965-1966, a Guerra do Vietname (Burn, Baby Burn) e o racismo no Alabama. O seu investimento político torna-se cada vez mais importante: oferece a obra Si Cuba, si Argelia también ao Musée national des beaux-arts de Argel, para celebrar o nascimento da República Argelina; participa, em 1968, no primeiro Congresso de Havana, para discutir os problemas culturais dos países subdesenvolvidos; envolve-se de forma ativa nos acontecimentos de maio de 1968, em França; e, finalmente, em 1973, assume uma posição violenta contra o golpe de estado do general Pinochet, no Chile, cortando toda a relação com a sua pátria. Após uma grande retrospetiva na sua cidade natal, dois anos antes, é decretado um luto de três dias em honra da memória do filho da nação chilena, aquando do anúncio da sua morte.
Colorida e violenta – e mesmo agressiva, no início –, a sua obra povoada de robôs, autómatos e insetos, figuras primitivas e formas oníricas, ilustra os sonhos alucinados e os pesadelos congelados da nossa civilização tecnológica.
André Cariou
Obras
Google+
Instagram
Twitter
Youtube
Tripadvisor
Google Art Project
Museu Coleção Berardo
1449-003 Lisboa, Portugal
Google Maps
21 361 287 8
(Chamada para a rede fixa nacional) www.museuberardo.pt