Amédée Ozenfant
Ano, local de nascimento 1886, França
Ano, local de morte 1966, França
Amédée Ozenfant segue, durante os estudos, cursos na escola de desenho da sua cidade natal. Em 1905, instala-se em Paris, onde visita os museus e frequenta os meios artísticos e literários. Aconselhado por Charles Cottet, forma-se na Académie de la Palette, onde beneficia dos ensinamentos bastante liberais de Jacques-Émile Blanche, André Dunoyer de Segonzac e Roger de La Fresnaye. Admira, em particular, Pierre Puvis de Chavannes. É nessa academia que trava conhecimento com Sonia Terk, futura esposa de Robert Delaunay, e a sua amiga, Zénaïde (Zina) de Klingberg. Em 1908, casa com Zina e, até 1913, vive na Rússia, essencialmente em Perm, na Sibéria, de onde a esposa é originária.
Em 1914, de regresso a França por razões de saúde, Ozenfant permanece em Paris e recebe em sua casa Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Jacques Lipchitz, Henri Matisse, Auguste Perret, Max Jacob, Juan Gris… A sua pintura evolui, então, para o cubo-futurismo. Em 1915, lança a revista L’Élan, com o fito de estabelecer «uma ligação entre os artistas e escritores mobilizados e aqueles que permanecem na retaguarda». Nela intervêm as suas relações parisienses e russas, como Natalia Goncharova, Mikhaïl Larionov e Ilia Ehrenbourg. Entrega-se a pesquisas tipográficas cubo-futuristas e concebe a «tipometria» e, posteriormente, a «psicotipia», que permitem representar, pela própria forma das letras, os ritmos e silêncios da poesia. Em 1917, Auguste Perret apresenta-lhe um dos seus antigos desenhadores, Charles-Édouard Jeanneret, o qual adotará, pouco depois, o pseudónimo de Le Corbusier. Em setembro de 1918, os dois homens voltam a encontrar-se e Ozenfant propõe-lhe uma colaboração: quer montar uma exposição e desenvolver uma doutrina, o «purismo», que, procurando alcançar um rigor e uma coerência que faltam ao cubismo, se arvora como a gramática geral da sensibilidade do homem moderno. Essa estética deverá preconizar um sistema de composição regido por esquemas ortogonais, formas dispostas no plano, no desenho, na cor e na execução, rigorosamente controlados, fazendo do quadro «uma máquina de emoção» inspirada nas técnicas do desenho industrial. Em finais de dezembro, é publicado o documento Après le cubisme (Édition des Commentaires), redigido a quatro mãos. Este manifesto reclama «invariáveis plásticas» na arte, equivalentes às leis na ciência. Pela mesma altura, é inaugurada uma exposição Ozenfant-Jeanneret na Galerie Thomas. De 1920 a 1925, em colaboração com Le Corbusier, Fernand Léger e Albert Gleizes, e num primeiro tempo com o poeta Paul Dermée, funda e dirige a revista L’Esprit nouveau, que irá difundir amplamente o purismo e contribuir para a renovação das formas arquiteturais e pictóricas. A sua pintura, tal como a de Le Corbusier, retoma os mesmos objetos: guitarra, violino, jarro, garrafa, que respondem a uma análise e escolha rigorosas de objetos estandardizados. Em 1924, as relações com Le Corbusier deterioram-se, tornando-se a rutura definitiva no ano seguinte. A partir de 1925, Ozenfant renuncia, pouco a pouco, aos princípios teóricos mais rígidos e trabalha em composições mais monumentais e, posteriormente, em 1926, em pinturas murais. Depois disso, retoma a representação da figura humana. Publica, em 1927, Bilan des arts modernes – structure d’un nouvel esprit, obra que se tornou um clássico entre os escritos de artistas. A sua primeira exposição individual tem lugar no ano seguinte, na Galerie Hodebert-Barbazanges. Contribui para a revista Cercle et carré e participa na exposição por esta organizada em Paris, em 1930. Ainda em 1930, um trabalho decorativo realizado para o arquiteto Erich Mendelsohn constitui o seu testamento purista.
Em 1936, funda em Londres a Ozenfant Academy e cria, mais tarde, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, onde se exila de 1939 a 1955, a Ozenfant School of Fine Art (frequentada, entre outros, por Roy Lichtenstein). Aufere aí de grande notoriedade, expondo recorrentemente. Participa, ainda, na exposição dos «artistas no exílio» e torna-se uma das «vozes da América». Hostilizado pela comissão McCarthy, regressa a França em 1956. Nas suas últimas obras, reconcilia-se com o imaginário purista.
AC
Obras