Germaine Richier
Ano, local de nascimento 1902, França
Ano, local de morte 1959, França
Depois de uma formação, a partir dos dezoito anos, na École des Beaux-Arts de Montpellier, no atelier de Louis-Jacques Guigues, antigo aluno de Auguste Rodin, Germaine Richier vai para Paris em 1926 e ingressa no atelier de Antoine Bourdelle. Ali permanece até à morte do escultor, em 1929, e terá sido a sua única «aluna particular». Aprende a escultura de forma clássica, trabalhando com modelos vivos, passando depois a deformá-los. No atelier conhece Alberto Giacometti, mas nunca serão amigos, dadas as suas abordagens demasiado diferentes à escultura. Depois de ter casado com o assistente de Bourdelle, Otto Bänninger, pode dedicar-se totalmente à sua arte num atelier próprio. A sua primeira exposição individual data de 1934, na galeria Max Kaganovitch.
Por ocasião de uma viagem a Itália, fica muito impressionada com os cadáveres petrificados dos habitantes de Pompeia (tal como César, mais tarde, que durante um tempo foi seu aluno). Encontra a sua via, tentando ultrapassar a oposição entre imobilidade e movimento. É rapidamente reconhecida no meio dos escultores, dominado por homens. No seu bairro de Montparnasse, convive com Emmanuel Auricoste ou Marino Marini. Recebe o prémio da Blumenthal Foundation de Nova Iorque em 1934, bem como a menção honrosa em escultura na Exposição Universal de Paris de 1937.
Quando a guerra é declarada, encontra-se a viver na Suíça, o país do seu marido, onde decide ficar. Aí reencontra Jean Arp, Le Corbusier, Giacometti, Max Kaganovitch e Marino Marini. Passa a ter alguns alunos e é visitada por numerosos colecionadores. As suas fontes de inspiração evoluem tendo em conta o contexto. Face à tragédia da guerra e perante o espetáculo de uma sociedade em decomposição, passa a misturar o humano e o animal, transgredindo as fronteiras entre as espécies: gafanhoto gigante ou mulher prestes a saltar, homem-mocho, louva-a-deus, grande devoradora de machos... Por vezes, o monstro tende a dissolver-se no vegetal ou o humano no inseto. No entanto, homem e mulher continuam a ser humanos e o animal fica animal. Nunca é tentada pela redução de um ao outro. O seu bestiário é uma apologia do híbrido ou do indefinido, a sua violência traduz todas as transgressões possíveis.
Em 1946 regressa a Paris. Entre 1948 e 1954 participa regularmente na Bienal de Veneza. Em 1951, juntamente com Fernand Léger (mosaico), Jean Bazaine e Georges Rouault (vitrais), Marc Chagall e Henri Matisse (cerâmicas) e Pierre Bonnard (pintura), é escolhida para contribuir para a decoração da igreja Notre-Dame-de-Toutes-Les-Grâces, no planalto de Assy. A sua estátua de Cristo levanta grande polémica. As autoridades religiosas recusam-na (apenas será exibida vinte anos mais tarde). Em 1951, recebe o prémio de escultura da Bienal de São Paulo. Em 1954, volta a casar-se, desta vez com o escritor e crítico de arte André de Solier. Vive perto de Arles, vindo a sofrer de problemas de saúde a partir de 1956. Germaine Richier conhece em vida grande notoriedade internacional. Em 1956, é organizada uma retrospetiva no Musée national d'art moderne, em Paris. Porém, o esquecimento é rápido perante os assaltos das sucessivas vanguardas. Será preciso esperar quarenta anos para assistir a uma nova retrospetiva, desta feita na Fondation Maeght, em Saint-Paul de Vence, em 1996.

André Cariou
Obras
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1946 - 1951