Pierre Soulages
Ano, local de nascimento 1919, França
Ano, local de morte 2022
Pierre Soulages fica muito impressionado quando visita a Abadia de Sainte-Foy de Conques, aos doze anos, interessando-se pela arte românica e, mais tarde, pela pré-história (nas suas pesquisas, acompanha um arqueólogo local e visita depois as grutas decoradas com pinturas rupestres). Retém também na memória as paisagens de Rouergue e dos Causses e identifica uma atração pela tinta preta desde muito novo. Começa a pintar, embora sem conhecer as correntes artísticas contemporâneas.
Aos dezoito anos muda-se para Paris a fim de preparar o curso de professor de desenho e o concurso de admissão à École national supérieure des beaux-arts. É aceite, mas convencido de que o ensino nada lhe trará, regressa à sua cidade natal. Esta primeira temporada em Paris permite-lhe, no entanto, visitar o Louvre e ver exposições de Paul Cézanne e de Pablo Picasso, que são uma revelação. Mobilizado em 1940, desmobilizado em 1941, e confinado à sua região, Soulages muda-se finalmente para Montpellier e frequenta assiduamente o Musée Fabre. Refratário ao Serviço de Trabalho Obrigatório (STO) em 1942, passa o resto da guerra junto dos vinhateiros da região que o escondem. Um dia conhece Sonia Delaunay em casa do seu vizinho, o romancista Joseph Delteil.
Só em 1946 consegue dedicar-se inteiramente à pintura. Instala-se então em Courbevoie, nos subúrbios parisienses, e depois em Paris. Os seus papéis pintados com licor de casca de noz e as suas telas, onde o preto domina, são abstratos e escuros. Rejeitando qualquer influência, rapidamente encontra uma expressão conforme ao seu temperamento. Também se afirma desde logo como não expressionista. Sobrepõe pinceladas de pincéis largos para criar formas amplas «executadas de uma só vez». Em 1947, expõe no Salon des surindépendants – o único que não tem júri – onde as suas pinturas destoam no meio das outras, quase sempre semi-figurativas e muito coloridas nesse pós-guerra.
A partir de 1948, tendo chamado a atenção no Salon des réalités nouvelles [Salão das realidades novas], é convidado a participar na exposição Französische Abstrakte Malerei [Pintura abstrata francesa] em vários museus alemães; é, de longe, o mais novo do pequeno grupo de pintores onde se encontram os primeiros mestres da arte abstrata: František Kupka, César Doméla, Auguste Herbin… O cartaz representa uma das suas pinturas a preto e branco. No mesmo ano, recebe a visita de James J. Sweeney, conservador do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque. Depois de uma primeira exposição individual na Galerie Lydia Conti, em Paris, em 1949, multiplica as suas participações em exposições de todo o mundo. A Phillips Collection, de Washington, é o primeiro museu a adquirir uma pintura sua em 1951, precedendo o Musée national d’art moderne, em Paris, e o MoMA, em Nova Iorque, no ano seguinte, bem como a Tate Gallery, em Londres, em 1954. Em 1953, o quadro Peinture, mai 1953 [Pintura, maio 1953], exposto no Guggenheim Museum, em Nova Iorque, suscita numerosas reações e consolida a sua notoriedade. De então em diante expõe na Kootz Gallery. As suas pesquisas também se debruçam sobre os cenários de teatros e ballets (1949-1952), a gravura em água-forte no atelier Lacourière (desde 1951 e sobretudo a partir de 1957), a tapeçaria (1963, Aubusson) ou a escultura (1975).
As primeiras exposições retrospetivas datam de 1960 em Hanôver, Essen, Zurique, Haia (depois Houston, em 1966; 1967, Musée national d’art moderne, Paris; 1968, Pittsburgh, Buffalo, Quebec...). A sua primeira exposição na Galerie de France, em Paris, remonta a 1960.
Em janeiro de 1979, Soulages experimenta uma nova técnica, juntando e retirando o preto durante horas. Inventa assim a sua primeira pintura fundada sobre a reflexão da luz sobre as texturas das superfícies do preto, trabalhado em camadas espessas com pequenos relevos, entalhes, sulcos e criando, ao mesmo tempo, jogos de luz e de cor, pois o tema do seu trabalho não é a cor preta em si, mas antes a luz que ela revela e organiza. Trabalha aplicando esta nova técnica, que apelida de «preto-luz» ou «além-preto», sobre telas gigantes, muitas vezes desdobradas em polípticos.
A realização, entre 1987 e 1994, dos cento e quatro vitrais da Abadia de Conques é uma etapa importante na sua obra. Inventa um tipo de vidro não colorido dito «branco», translúcido, com variações na cristalização, que ganha tons mais ou menos quentes ou frios dependendo da luz exterior.
Os prémios juntam-se às menções honrosas desde a Bienal de São Paulo, em 1953, até ao Praemium Imperiale, no Japão, em 1992, passando pelo prémio Carnegie, em Pittsburgh, em 1964, ou o Grand Prix National de Peinture francês, em 1986. Em 2007, o renovado Musée Fabre de Montpellier dedica-lhe uma sala permanente para expor uma importante doação. Um Musée Soulages deverá abrir em Rodez, em 2013.
AC