Alexandre Perigot. Pipedream
Pipedream, exposição concebida por Alexandre Perigot para o Museu Coleção Berardo, remete para a expressão popular de um sonho sem princípio nem fim. Pipedream remete-nos também para a proliferação de tubagens que permitem a troca de energia, de fluídos e de outros bens entre os países – petróleo, gás, dinheiro, informação...
As obras de Alexandre Perigot geram fluxos intermináveis de imagens que redefinem aquilo que está em jogo no palco geopolítico internacional. Por outro lado, o artista manifesta um interesse considerável pelo poder de sedução da imagem: das casas das estrelas aos jogos de vídeo, dos concertos de rock às referências cinematográficas, o artista exibe no Museu Berardo vastas instalações que fornecem ao espectador os meios para questionar as condições de produção e de perceção das imagens.
Como num labirinto, Palaispopeye convida o espectador a passear pelo meio de palcos rotativos e painéis móveis cobertos por uma única imagem fotográfica desdobrada sobre 300 m2 de parede: a cidade de Popeye construída na ilha de Malta para a rodagem, em 1980, do filme Popeye de Robert Altman. A deambulação do visitante, associada ao avolumar da imagem, altera a perceção do espaço e do tempo. A imagem decompõe-se e reconstrói-se incessantemente, a cidade do Popeye abre-se a nós e volta a fechar-se na sua superfície fotográfica. Cortes e raccords permitem multiplicar as narrativas, como num filme em processo de montagem.
Blondasses. O vídeo acompanha a produção de perucas em palha de trigo nos campos do sudoeste da França. Os penteados de Claudia Schiffer, Britney Spears, Pamela Anderson na paisagem agrícola. Não serão as vedetas do nosso tempo os nossos primeiros organismos geneticamente modificados?
L’Île des Morts/James Bond Island: Um instantâneo fotográfico da ilha de James Bond, na Tailândia, reflectido em espelho com A Ilha dos Mortos (1886), célebre quadro de Arnold Böcklin. A semelhança arquitetónica é arrebatadora, com o mito de Caronte transportando os mortos em confronto com a lenda de James Bond. A banda sonora - The Man With the Golden Gun, em versão «Fado» – é interpretada por Afonso Guerreiro.
Maisoin Témoin Maison d’Elvis: é uma estrutura em aço à escala 1:1 construída com tubos de andaimes. A obra ergue-se no Museu com toda a sua força de ossatura metálica ao mesmo tempo que convida o espectador a atravessar esta estrutura muito simples, bruta, uma metáfora da lenda do Rei e das extensões cruzadas da criação musical.
Fighting Asshole reúne um conjunto de dípticos que associam a fotografia de um olho de ciclone ao desenho de um golpe de karaté. A figura do desportista parece envolver-se num combate completamente absurdo com estes monstros climáticos que, vistos de longe, se assemelham a ânus. Fighting Asshole faz lembrar o combate do Dom Quixote de Cervantes contra os moinhos de vento, sendo que aqui os moinhos são substituídos por ciclones - eles mesmos uma metáfora do absurdo da corrida ao sucesso no vazio sideral da sociedade de consumo e do todo global.
Olé Ola é um longo braço metálico do qual está suspenso uma grande manta de retalhos construída a partir de cachecóis de clubes de futebol. O braço é acionado para simular o movimento do capote vermelho agitado pelo toureiro, na arena, face ao animal. Aqui o visitante da exposição substituiu o touro e o tecido da muleta é anulado em prol das identidades desportivas e nacionais. Confusão voluntária das fronteiras? Nivelamento identitário? Construção dinâmica das práticas artísticas e desportivas? A resposta fica ao critério de cada um.
Sometimes You Win Sometimes You Lose reconstitui esta mesma expressão através de tubos de plástico que parecem atirados para o espaço do Museu. A estrutura contém um objeto misterioso propulsionado pelo interior do circuito tubular, e cuja fricção produz um ruído vibrante. O trajeto sonoro do objeto permite ao espectador reconstituir mentalmente o traçado da frase.
Funkpipe faz dançar prateleiras animadas por um sistema mecânico perante uma tapeçaria que reproduz uma popular pintura de plataformas petrolíferas tendo por fundo o pôr-do-sol em Baku. O movimento produzido pelas várias prateleiras é o da ondulação que faz oscilar objectos absurdos entre a embriaguez e a dança do ventre, perante os desafios longínquos da economia das energias e dos poderes. Funkpipe abrange esta inversão absurda, erótico-romântica, de uma geopolítica mundial em crise.
«A obra de Alexandre Perigot articula perspetivas paradoxais sobre a arte e a sociedade. Criando atrito entre a cultura popular e a história de arte, o artista cria obras críticas de dimensões estéticas e políticas deslocadas.»
Larys Frogier
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Museu Coleção Berardo
1449-003 Lisboa, Portugal
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(Chamada para a rede fixa nacional) www.museuberardo.pt