Ângela Ferreira. Hard Rain Show

Ângela Ferreira. Hard Rain Show
Exposição temporária
Autor(es): 
Ângela Ferreira
24/03/2008
- 21/05/2008
Piso: 
-1
Curadoria: 
Jürgen Bock
Ângela Ferreira. Hard Rain Show
Exposição temporária
Autor(es): 
Ângela Ferreira
24/03/2008
- 21/05/2008
Piso: 
-1
Curadoria: 
Jürgen Bock
Corpo de texto: 

Fortemente motivada por questões do foro político, Ângela Ferreira é uma «investigadora» do uso de teorias, em particular de teorias de história da arte, e da sua relação ou do seu impacto na arte contemporânea, assunto cuja complexidade negoceia através do potencial de comunicação inerente à arte e com a qual a artista, subtilmente, estimula o observador a questionar os objetos que cria. Estes objetos adquirem a forma de esculturas modernistas esteticamente apelativas e executadas com rigor perfecionista, sendo frequentemente apresentadas em instalações associadas a textos, fotografias e vídeos. Em consonância com a ideia de história da arte enquanto construção, o trabalho de Ângela Ferreira lança a dúvida sobre aquilo que nos habituámos a considerar como «factos» dessa história, podendo-se então questionar: «Qual história? A história de quem? E uma história para que fim?»

Concetualmente, a obra de Ângela Ferreira pode situar-se entre a falência do Modernismo nos denominados centros de difusão e o impacto contraditório da sua tentativa de implantação, pelos colonizadores, em África e noutras colónias e periferias em todo o mundo, onde o objetivo utópico da emancipação do homem combinado com o potencial da arte enquanto instrumento de crítica, motor crucial da vanguarda que se manifestou nesses centros, parece ter outra validade. O fim da vanguarda e das suas qualidades intrínsecas, a sua história e o impacto que esta teve, são agora discutidos nessas periferias, tendo o centro perdido a prerrogativa de proclamar a importância política do Modernismo no que toca às noções de utopia e emancipação.

O trabalho de Ângela Ferreira não só sobrevive ao fim anunciado da vanguarda, como recupera a questão da emancipação e dos ideais utópicos ao reformular a crítica das utopias como uma crítica às utopias. O seu trabalho revela como ilusória a liberdade artística prometida pelo Modernismo nos centros e, devido à falta de latitude política, como falsa a autonomia na periferia.