Arriscar o Real
Arriscar o Real convida-nos a fazer uma viagem pela arte do século XX para indagar o significado de “fazer figura” na criação contemporânea.
A diversidade das obras do Museu Coleção Berardo permite-nos apreciar até que ponto os artistas viram a mimésis – a imitação da realidade – contra si própria através de várias práticas: retraimento, literalidade ou dissemelhança. Ao abrangerem uma construção arquitetural, linguística, social e política, estes novos desígnios da figura excedem os habituais dualismos figuração-abstração, realismo-idealismo.
Três secções pautam a exposição Arriscar o Real:
Espaços reais: a figura em recuo
Os artistas do minimalismo reivindicam um «espaço real»: a obra deve ser desprovida de qualquer qualidade figurativa ou expressiva a fim de activar, no espectador, a plena perceção de um espaço a três dimensões. O espaço real revelou ser uma formidável utopia num contexto social e político em revolução permanente. Os sucessores do minimalismo não deixaram de lembrar o quanto o real, na arte, pode tirar partido de uma forma em devir ou de estados da matéria em tensão e em contradição.
A figura em atos: o real para lá dos limites
As artes performativas alteraram profundamente a construção da figura. Elas afetam, em primeiro lugar, os atos da linguagem: os artistas revelam o poder que as palavras têm de se manifestarem enquanto formas abertas às mutações de sentido, ao questionamento das verdades estabelecidas. Por outro lado, experiências picturais decisivas propõem-se revisitar os actos, acentuando a exacerbação do gesto, o recolhimento, ou o caráter grotesco. Por último, as performances corporais trabalham a materialidade do corpo, transformando-o num terreno propício a atos de exploração, de marcação, à deflagração de discursos e lutas ideológicas.
O real traumático: a figura sob todos os seus estados
Reconhecemos hoje que a nossa história contemporânea se constrói não só com acontecimentos verificáveis na realidade, mas também a partir de uma mise en abîme vertiginosa de imagens duplicadas ao infinito. Artistas contemporâneos arriscam-se a explorar as figuras mais codificadas das nossas sociedades da imagem para gerar uma experiência do real visualmente perturbante.
O intuito artístico seria então o seguinte: quais são as possibilidades de representação do sujeito numa época em que os nossos corpos privados e coletivos já só se constroem a partir de um poço sem fundo de imagens, reflexos infinitos de outras reproduções?
Integrada nesta mostra, uma sala dedicada a Dan Flavin, com obras cedidas pela Coleção Panza, uma coleção de arte contemporânea que Giuseppe Panza di Biumo reuniu a partir dos anos de 1950 e que ofereceu em 1996 ao FAI (Fundo Italiano para o Ambiente) - composta por 133 obras de arte americana contemporânea (dos anos de 1960 a 1990) – atualmente apresentada na Villa Panza di Biumo, aberta ao público no ano 2000.
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Museu Coleção Berardo
1449-003 Lisboa, Portugal
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(Chamada para a rede fixa nacional) www.museuberardo.pt