Entre Memória e Arquivo
A presente exposição pretende explorar a relação entre a fotografia e o arquivo nas práticas artísticas contemporâneas.
Quando a fotografia foi inventada, acreditava-se que ela era o espaço cultural no qual a natureza desenhava através do meio da luz. Apesar de hoje sabermos bem que as fotografias são basicamente objetos construídos, ainda assim é difícil de abandonar a crença no efeito de uma verdade incontestável da imagem fotográfica.
Indexicalidade é o termo empregue para nos referirmos a uma imagem que é o resultado de uma impressão singular de um objeto no mundo físico: uma pegada, um molde de gesso ou de cera. A indexicalidade descreve a fotografia como um traço do real. Mas é também a indexicalidade que governa o princípio segundo o qual os arquivos se constroem, determinando o que é ou não arquivável. Tal como a fotografia, o objeto arquivístico é dotado de uma condição de singularidade, no qual as contingências do tempo se encontram registadas sob a forma de traços discretos de acontecimentos únicos. Isto aconteceu naquele tempo. A transformação do traço indexical num registo histórico/arquivístico tem lugar através de um sistema de registo, organização e classificação. Para que possa funcionar como um sistema, taxonómico ou outro, o arquivo exige que cada um dos seus itens seja distinto – ainda que semelhante – do outro.
Se a fotografia, pela sua natureza indexical, ocupou um papel cultural de testemunha, a prova documental com que contribui também torna a fotografia num objeto, por essência, arquivístico. A circulação da memória através dos objetos evocatórios que a contêm e a representam é uma passagem complexa, e muitas vezes tangencial. O desejo de completude almejado por um arquivo – o seu sonho de disciplina conclusiva – é sempre uma promessa quebrada. No cruzamento do testemunho e do fetiche, da razão burocrática e administrativa e a reminiscência pessoal, o arquivo – enquanto metodologia ou enquanto medium – tem sido uma figura central na produção artística dos últimos cinquenta anos, apesar das suas raízes se encontrarem nas vanguardas do início do século XX.
Ruth Rosengarten
Curadora
Artistas:
Helena Almeida
Bernd and Hilla Becher
Daniel Blaufuks
Christian Boltanski
Marcel Duchamp
Allan McCollum
Chantal Joffe
Tracey Moffatt
José Luís Neto
Gabriel Orozco
Pedro Quintas
Umrao Singh Sher-Gil
Augusto Alves da Silva
Ernesto de Sousa
Hiroshi Sugimoto
Vivan Sundaram
Jemima Stehli
Wolf Vostell
Robert Wilson
Francesca Woodman
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Museu Coleção Berardo
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