Mappamundi

Mappamundi
Exposição temporária
31/01/2011
- 25/04/2011
Piso: 
0
Curadoria: 
Guillaume Monsaingeon
Mappamundi
Exposição temporária
31/01/2011
- 25/04/2011
Piso: 
0
Curadoria: 
Guillaume Monsaingeon
Corpo de texto: 

Mappamundi reuniu artistas que, nos últimos 40 anos, trabalharam o mapa e interrogaram a representação cartográfica para melhor nos tocarem ou nos provocarem. Mapas para serem lidos ou para serem vistos? Espelho tranquilo ou distorção do mundo? Descrição, evocação, contestação?

As 4 partes de Mappamundi não são geográficas nem cronológicas, nem estão ligadas ao tipo de suporte material das obras apresentadas.
Cada parte propõe um olhar diferente, sucessivamente semiológico, sensitivo, político, onírico:

1) descodificar: um sistema de signos concebido para ser descodificado
Foram necessários séculos para se colocar o Norte no cimo dos mapas, para se impor a noção de escala, para se escolher um meridiano de referência, para se representar a linha do equador... Aqui, os artistas «desmancham», de alguma forma, as regras elaboradas por engenheiros, geógrafos e geómetras. Mapas-múndi decompostos, mapas que revelam palavras escondidas sob o mapa, leituras tipográficas ou jogos de escala: outras tantas maneiras de interrogar estes códigos tácitos, de os abanar, até mesmo de os contestar.

2) corporizar: uma realidade sensível feita de corpos, sensações e matérias
Alguns artistas trabalham com objetos carregados de sentidos, como colchões ou lençóis, outros obrigam os corpos a aproximarem-se ou a sentarem-se juntos, outros realçam a importância dos vestígios deixados pelos dedos indicadores ao marcarem o «eu estou aqui». Por fim, vários artistas sublinham a implicação do corpo na representação cartográfica: os mapas vestem, envolvem o corpo com tecidos macios e coloridos, adquirem uma força erótica, marcam o corpo ou sobrepõem-se às vísceras.

3) contestar: um instrumento de contrapoder e de combate
A cartografia como uma arma. Os mapas tornaram-se tardiamente instrumentos de contrapoder ao serviço de minorias, de opositores e de dominados. Ao dar a ver o invisível, ao refutar as versões oficiais, os silêncios e a censura, a cartografia torna-se contracartografia, radical cartography, arma para sensibilizar a opinião pública, para denunciar, para preparar a acção colectiva.

4) sonhar: uma fuga para fora do real, motor do imaginário e do sonho
Os artistas pedem-nos que abandonemos os nossos hábitos, que esqueçamos a legenda do mapa para entrarmos melhor no mundo dos contos e das lendas. É preciso deixarmo-nos perder no oceano inquietante ou nos cumes improváveis, reencontrar um olhar sobre mapas que não estão nem no imperativo nem no indicativo, mas que têm um valor condicional, como as crianças que começam as suas brincadeiras por «Agora eu era...».

No fim do percurso, uma sala documental sublinha a omnipresença da cartografia nas nossas vidas quotidianas.

Texto secundário: 

«Longe de exprimirem certezas, estes mapas desenham as nossas dúvidas, os nossos combates e os nossos sonhos.»
Guillaume Monsaingeon