Mikael Levin. Cristina's History

Cristina’s History [A História de Cristina] evoca a história duma parte da família de Mikael Levin, da qual Cristina é descendente, durante quatro gerações. Esta desenrola-se desde meados do século XIX até aos nossos dias, partindo de Zgierz, na parte central da Polónia, passando por Lisboa e chegando à Guiné-Bissau. A cada um desses três lugares, fotografados entre 2003 e 2005, corresponde uma história que cruza a biografia das personagens e os acontecimentos históricos aos quais ela se encontra ligada. Itinerário de uma família judia através da história europeia moderna, feita de novas esperanças que, constantemente, não se concretizam, Cristina’s History expõe toda uma ideia de progresso contínuo. Por essa razão, não há nela lugar para a nostalgia e ainda menos para a afirmação de uma identidade intangível. Pelo contrário, esta história atesta a possibilidade de se inventar a vida a partir de uma tradição.

Se a história – ou pelo menos a ideia de uma história – estabeleceu, sem dúvida, o projeto fotográfico, o texto e as imagens seguem, com efeito, linhas paralelas; é neste afastamento que se relacionam: entre o relato de diferentes passados e as imagens presentes, próximas, entre as personagens descritas e os locais onde elas não se encontram, entre o espaço narrativo, frequentemente familiar, e o espaço visível, geralmente público.

Desta simplicidade, agitada por inúmeras complexidades, procede a qualidade poética de uma obra de inspiração documental e o seu caráter profundamente autobiográfico, apesar de o autor nunca aparecer.

O espaço está configurado ao longo de três salas de projeção que correspondem aos territórios representados. Cada ciclo dura aproximadamente quinze minutos e reúne cerca de sessenta imagens. Uma voz off conta a história.

Nas salas consagradas a Zgierz e à Guiné-Bissau, estão posicionados dois projetores, costas com costas, sobre uma coluna rotativa, no centro da sala. As imagens rodam sobre as paredes, estreitando-se e alongando-se, como os feixes de um farol. Na sala consagrada a Lisboa, três projetores difundem sucessivamente as imagens, em locais fixos.

Esta exposição foi co-produzida com o Le Point du Jour (Cherbourg) onde foi apresentada no de 21 de Março a 7 de Junho de 2009.