Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012-1950

Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012-1950
Exposição temporária
28/03/2012
- 24/06/2012
Piso: 
2
Curadoria: 
Raquel Henriques da Silva
Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012-1950
Exposição temporária
28/03/2012
- 24/06/2012
Piso: 
2
Curadoria: 
Raquel Henriques da Silva
Corpo de texto: 

A exposição Nikias Skapinakis. Presente e Passado. 2012–1950 traça uma panorâmica retrospetiva pela obra de um dos artistas mais significativos da segunda metade do século XX em Portugal.

O projeto inicialmente concebido no âmbito da programação de Jean-François Chougnet, foi desenvolvido durante um período de dois anos de forma a tornar possível uma aturada investigação, conduzida pela comissária da exposição, Raquel Henriques da Silva, e que foi capaz de reunir os muitos momentos da vasta obra de Nikias. A diversidade desta protagonizou muitos dos capítulos recentes da história da arte em Portugal e atravessou um período complexo de transformações que se fizeram sentir num plano internacional e com os quais Nikias soube estabelecer um verdadeiro diálogo.

Partindo de uma figuração lírica, que assimilou dados da modernidade figurativa do início do século, muito cedo a sua pintura revelou uma capacidade interpretativa do quotidiano lisboeta. As cores saturadas do final da década de 1950 antecipam uma viragem que conjuga uma mais plena assimilação da bidimensionalidade modernista com a linguagem popular dos cartazes e posters que invadem a vida de um novo mundo. A colagem e, sobretudo, o recorte vão despoletar vastas possibilidades neste domínio. Uma vez mais a sua capacidade interpretativa se manifesta e é então o contexto cultural português, com a melancolia que o atravessa, o objeto da sua pintura. A revisitação dos géneros tradicionais, como a natureza-morta ou a pintura de história, opera uma profunda reconfiguração destes, como também as peculiares abstrações que realiza se definem ambíguas e inesperadamente tomadas de um sentido do real. A recetividade à diversidade e inventividade das linguagens gráficas ou populares continuará a assolar a sua pintura e novos cartazes, tags, entre muitas outras referências, continuarão a estruturar as suas séries em anos mais recentes.

Importa referir que no curso da sua obra, Nikias foi sempre um privilegiado intérprete de Nikias, tendo desenvolvido uma relevante reflexão sobre a sua própria obra.

Pedro Lapa
[Excerto da introdução publicada no catálogo da exposição]

Texto secundário: 

Biografia
Nikias Skapinakis, de ascendência grega, nasceu em Lisboa em 1931.
Frequentou o curso de arquitetura, que abandonou para se dedicar à pintura, atividade que manteve regularmente até ao presente.
Começou por expor em 1948, nas Exposições Gerais de Artes Plásticas e, desde então, realizou inúmeras exposições individuais e participou em diversas exposições coletivas, em Portugal e no estrangeiro.
Além da pintura a óleo (a sua atividade dominante), dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros. Entre outras obras, ilustrou Quando os Lobos Uivam, de Aquilino Ribeiro (Bertrand, 1958) e Andamento Holandês, de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional, 1983). 
Em 1963 obteve a Bolsa Malhoa da Sociedade Nacional de Belas-Artes e em 1976 foi-lhe concedido um subsídio para investigação pela Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1985, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian mostrou uma exposição antológica da sua pintura, completada com uma retrospetiva da sua obra gráfica e guaches na Sociedade Nacional de Belas-Artes, no mesmo ano.
Em 1990 foi-lhe atribuído o prémio AICA/SEC, instituído pela Associação Internacional dos Críticos de Arte e a Secretaria de Estado da Cultura.
Em 1996, o Museu do Chiado organizou a exposição intitulada Para o Estudo da Melancolia em Portugal. Retrospectiva de Retratos, 1955-1974.
Em 2000, o Museu de Arte Contemporânea da Fundação de Serralves apresentou a exposição antológica Prospectiva 1966-2000.
Em 2005 foi-lhe atribuído o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, instituído pela Câmara Municipal de Amarante, e realizou um painel em cerâmica para o Metropolitano de Lisboa.
Em 2006, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva apresentou a série de pinturas Quartos Imaginários baseada nos quartos de dormir e ateliers de diversos pintores e poetas e foi-lhe atribuído o Prémio de Arte Casino da Póvoa.
Em 2007 foi realizado para a televisão O Teatro dos Outros, um filme documental de Jorge Silva Melo sobre o conjunto da sua obra.
Em 2009 realizou no Centro Cultural de Cascais a exposição Desenho a preto e branco e a cores, abrangendo a sua obra gráfica entre 1958 e 2009. 
Tem publicado textos de intervenção crítica em diversos jornais e revistas.
Vive e trabalha em Lisboa.