No Fly Zone. Unlimited Mileage
A exposição No Fly Zone apresenta seis artistas angolanos que trabalham com instalação, fotografia e vídeo e pretende, a partir das suas obras, refletir sobre espaços imaginários e de questionamento. Estes artistas trabalham diferentes temas num universo tão global quanto africano, ao mesmo tempo que interrogam discursos sobre África. Entre si partilham um gesto de contestação destes discursos, mas também de estéticas, de realidades – um gesto subversivo no sentido em que corrompe a realidade que encontra, ao mesmo tempo que forja olhares e pontos de vista alternativos. Assiste-se ainda a um foco sobre o indivíduo e o seu papel de ator na história e na construção da memória, sendo que esta, em vários momentos, transita entre o coletivo e o individual.
«Uma das principais linhas programáticas do Museu Coleção Berardo consiste na prospeção de novas perspetivas das práticas artísticas. Este aspeto é tanto mais pertinente quanto o presente histórico que vivemos assiste a uma profunda e radical alteração das coordenadas tradicionais dos lugares recorrentes da atenção prestada à produção artística. A proliferação de múltiplos centros e lugares de produção a que assistimos vem deslocar e questionar a própria ideia de localização da produção artística, que deixou de se situar especificamente numa cidade para também ela, como a vida contemporânea, se implicar nas deslocações do seu produtor, embora as temáticas das suas obras muitas vezes se refiram a particularidades da vida e da história de um lugar específico em qualquer parte do mundo. Penso que este aspeto caracteriza muita da produção angolana contemporânea, já que a maioria dos seus artistas vive entre o país de origem e outros, geralmente europeus, estabelecendo com isso uma troca de referências importante na redefinição dos próprios paradigmas artísticos. Uma atenção particular às tensões e jogos de poder entre culturas manifesta-se assim, tornando o panorama do princípio deste século mais complexificado e sobretudo menos dócil para as tradicionais perspetivas culturais, sejam elas vernáculas ou eruditas, colonizadas ou colonizadoras.
A emergência de dissentimentos ou da vontade de ressignificação das formas, signos e desejos que atravessam a atual produção artística só podia ter lugar no quadro de um mercado globalizado como aquele onde vivemos e nos deixa na soleira de uma nova era com alguns instrumentos críticos capazes de reinventar a vida e a liberdade.»
Pedro Lapa
[Excerto do texto «Voo sobre uma ilimitada zona de trocas», publicado no catálogo da exposição.]
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