O museu em montagem. Fotografias de Rodrigo Bettencourt da Câmara
Museu em montagem mostra um conjunto de fotografias que Rodrigo Bettencourt da Câmara tem vindo a realizar à volta da Coleção Berardo. Acompanham a montagem de exposições realizadas no Museu Coleção Berardo (algumas ainda a decorrer), mas também deslocações de obras no âmbito de empréstimos e exposições itinerantes, num arco temporal que se desenha de 2004 ao presente. [...]
São, assim, imagens que questionam a presença da arte, a construção da sua visualidade no contexto de uma exposição. Procuram de alguma forma interrogar este pequeno espetáculo que antecede a abertura da exposição ao público, feito dos mil cuidados que a sua instalação exige, de escolhas, indecisões, tentativa e erro. Feito também de carpintaria, afinação de luz, paredes falsas, camiões e carrinhas, toda uma máquina que acabará por desaparecer atrás de acabamentos, limpezas, arrumações, atrás da própria evidência das obras expostas. Mostrando os mecanismos implícitos de valorização estética em estado inacabado – e suspendendo o momento em que a obra é posta e exposta como tal – recorda o caráter construído (e pensado) do lugar da arte. Implica um confronto entre o espaço ausente inerente à musealização da arte – um espaço que se retrai face à presença das obras, que lhes garante a sua respiração sem ruídos de fundo – e a sua fatura material.
J. Ferreira Rato
[Excerto do texto publicado na folha de sala da exposição]
«Tirei estas fotografias durante as montagens das exposições, nos intervalos dos restauros e com as deslocações de uma coleção com que trabalho há muito. Este é o quotidiano do museu nos seus bastidores. Sempre a preparar a nova exposição, pormenor a pormenor ela é construída até ao dia da inauguração, em que passa para o público e só retorna às nossas mãos quando volta a encerrar.
São, portanto, fotografias do que me cerca, enquadrando os diferentes aspetos do museu, no meio dos muitos afazeres das várias equipas com funções tão diversas como o transporte e a desembalagem das obras, a verificação do seu estado de conservação, a montagem das arquiteturas e a instalação das obras, o seu discurso e a sua informação, as que ficam de reserva e as que vão ser apresentadas, a urgência dos prazos, as apresentações para a imprensa ou o momento em que tudo está limpo e prestes a ser desembrulhado por uma última vez.
No fundo é uma observação sobre os dispositivos de apresentação da obra de arte e sobre a forma como esta é manipulada, contextualizada e sacralizada.»
Rodrigo Bettencourt da Câmara
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Museu Coleção Berardo
1449-003 Lisboa, Portugal
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21 361 287 8
(Chamada para a rede fixa nacional) www.museuberardo.pt