osgemeos. Pra quem mora lá, o céu é lá
Apesar de existir uma forte tradição mural na América do Sul, o hip-hop, no Brasil e, particularmente, em São Paulo, é caraterizado por desigualdades sociais e raciais, contestando o modernismo e o sóbrio design arquitetural. A cidade, entendida como uma concrete jungle, vê-se transformada em suporte da pixação e também de intervenções de caráter artístico como as realizadas pel’OSGEMEOS, que, com o seu estilo onírico, lírico e romântico, invadem também os cimácios dos museus, das bienais e das galerias de todo o mundo. Cada projeto é, assim, pensado como uma instalação, misturando pinturas realizadas directamente sobre paredes, ou sobre telas e esculturas (guitarras primitivas, figuras humanas, carros, casas…). As suas construções têm essa marca, e reencontram sob a sua forma artística, um primitivismo e uma precariedade originais. O visitante mergulha e interage dentro e através das obras. As portas pintadas destas casas são igualmente metáforas de passagens para o imaginário. Tornam-se mensageiras dos seus habitantes sendo a cor a convidada de honra – cobrindo orgulhosamente as paredes de cimento, de madeira ou de cartão, de pano ou de papel, os materiais das suas incertas casas. Os rosas fluorescentes, os laranjas cádmio, os azuis eléctricos, os verdes cinábrio, os amarelos cor de sol em grandes lanços de cor, inundam, iluminam e protegem as suas casas. O branco neutro em demasia, o cinzento solitário e a miséria, são esquecidos.
Eric Corne, Comissário
Excerto do texto publicado na folha de sala da exposição
«Desde 1988 que os irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos pelo nome OSGEMEOS, percorrem a mega-cidade de São Paulo. Com os seus graffiti – arte primitiva e intemporal da nossa contemporaneidade – voltam a dar vida às paredes de betão desta mega-cidade mineral, exuberante e dura, de 22 milhões de habitantes, apelando a um imaginário entre o sonho e o sortilégio, a fantasia e a crítica social.»
Eric Corne
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Museu Coleção Berardo
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