Pedro Cabrita Reis. One after another, a few silent steps

Pedro Cabrita Reis. One after another, a few silent steps
Exposição temporária
Autor(es): 
Pedro Cabrita Reis
04/06/2011
- 02/10/2011
Piso: 
1
Pedro Cabrita Reis. One after another, a few silent steps
Exposição temporária
Autor(es): 
Pedro Cabrita Reis
04/06/2011
- 02/10/2011
Piso: 
1
Corpo de texto: 

Surge, na década de 1980, como um dos artistas mais afirmativos da sua geração. Convocou um universo de referências arcaizantes (mais míticas que históricas), universos de memória colectiva e revelação individual que o conduziram a uma intervenção directa sobre o tempo cultural português e internacional – quando interessava incorporar, na herança moderna mais radical, a possibilidade de regresso às disciplinas artísticas tradicionais: o desenho, a pintura, a escultura.

A obra de Cabrita Reis, que funciona como um sistema global de entendimento e intervenção no mundo, integra todas as disciplinas, materiais e linguagens do universo artístico actual; ocupa todos os espaços de exposição (interiores e exteriores, arquitectónicos e paisagísticos), integra e garante dignidade a todos os materiais do universo construtivo (ricos e pobres, tradicionais e inesperados) e concretiza, pelo uso intenso da iluminação artificial e da cor, mas também pelo obscurecimento das imagens, todas as metáforas da luz.

Esta exposição antológica estabelece um percurso labiríntico e coloca em diálogo obras afastadas nos tempos e modos de fazer. Continuidades, tensões e rupturas, saltos e regressos, fazem-nos entender a sua obra como um vasto campo de possibilidades onde a pintura continua a ser matriz do pensamento visual e prática artística.

Disciplina de composição, jogos de perspectiva, entendimento arquitectónico dos volumes ou aposta na continuidade temporal através de séries temáticas representam soluções de equilíbrio das formas, dos espaços e dos tempos que enquadram a provocação subjectiva e social das suas obras e sustentam o abismo obscuro onde se precipita o seu significado.

Interessado numa abordagem antropológica e artística, política e poética, Cabrita Reis parte do seu próprio corpo para impor as medidas do humano ao mundo das coisas construídas – um mundo que ele mesmo ergue a partir da recolha sistemática de objectos «encontrados» e «já-feitos». A natureza, contemplada e intervencionada, é integrada nesse discurso a partir das mesmas soluções de recolha ou registo fotográfico e desenho. Cabrita Reis relaciona o real urbano e contemporâneo e as apostas de efemeridade da arte actual com uma vontade de intemporalidade e permanência.

É na gestão deste conjunto de valores que Cabrita Reis afirma a raiz de um classicismo que sugere a existência do cânone e do estilo, do equilíbrio, da força e da construção sobre o abismo do desvio, da velocidade e da vertigem. Isso mesmo confirma na relação directa que estabelece entre o circuito de exposições internacionais que frequenta, o trabalho de atelier, em Lisboa, e a vida na serra algarvia: modela as suas casas e a paisagem envolvente como volumes escultóricos, planta oliveiras, vinha e alfarrobeiras como ocupa uma tela e estabelece, no trato local, o mesmo nível de intimidade e exigência que usa no meio artístico.

João Pinharanda
[Por opção do autor, este texto não observa as regras do Acordo Ortográfico em vigor]

Texto secundário: 

«Pedro Cabrita Reis transforma a memória colectiva em afirmação individual: é um acto de vontade e prazer, um modelo de conhecimento e intervenção no mundo.»
João Pinharanda