Sous la dictée de l’image

Sous la dictée de l’image
Exposição temporária
01/03/2010
- 18/05/2010
Piso: 
-1
Sous la dictée de l’image
Exposição temporária
01/03/2010
- 18/05/2010
Piso: 
-1
Corpo de texto: 

«Je me trouve sous la dictée de l’image» [Estou subjugado ao ditado da imagem] referia o escritor e artista Pierre Klossowski. Este novo percurso através das obras da Coleção Berardo pretende aprofundar esta noção. A primeira sala é dedicada a estabelecer um inventário desta atração da arte moderna pela imagem por meio da reprodução de alguns diagramas que apaixonaram os pioneiros da arte moderna. O mais conhecido e discutido deles é o diagrama publicado em 1936 por Alfred H. Barr para a exposição Cubism and Abstract Art (MoMA, Nova Iorque). Esta genealogia em forma de imagem é contraposta a um outro diagrama publicado em França, em 1955, e a uma crítica irónica de Ad Reinhardt, de 1946, o qual viria a trabalhar, precisamente, no alargamento dos limites da arte abstrata. Esta introdução, ilustrada por algumas obras fundamentais da coleção, conduz à representação do surrealismo, neste caso apresentada numa espécie de gabinete de curiosidades que recorda a instalação do apartamento de André Breton, na rue Fontaine, em Paris. A revolução surrealista não admite a representação de objetos a não ser que sejam estabelecidas novas relações. Apaixona-se pela arte primordial, dita então «primitiva»: e se se pintasse, pintar-se-ia com o inconsciente. O rico fundo de arte africana da Coleção Berardo foi aqui utilizado.

De seguida, a exposição explora as experiências com fotografia de Constantin Brancusi – cuja obra fotográfica vai além da «reprodução» da escultura – até Francesca Woodman, passando por dois artistas portugueses, Fernando Lemos (cuja obra, datada de 1949-1952, foi redescoberta nos anos 2000) e Vítor Palla. Apresentam-se ainda três obras de Pierre Klossowski que pertencem à Colecção Berardo (dois desenhos de grandes dimensões e uma escultura), as quais são confrontadas com Paula Rego (The Barn, 1994) e Francis Bacon (Oedipus and the Sphinx After Ingres, 1983), bem como com duas telas de 2008 de Julião Sarmento (que pertencem a colecções particulares) e que citam escritos de Klossowski.

Por fim é projetado o vídeo 1619 de Laurent Grasso, em loop, que faz referência à data na qual Galileu utilizou, pela primeira vez, o termo «aurora boreal»: o vídeo reproduz de forma artificial as vibrações coloridas desse fenómeno luminoso num ambiente em que se distingue, no seu interior, uma esfera geodésica.