Um Teatro sem Teatro

Um Teatro sem Teatro
Exposição temporária
16/11/2007
- 17/02/2008
Piso: 
2
Curadoria: 
Bernard Blistène
Yann Chateigné
Um Teatro sem Teatro
Exposição temporária
16/11/2007
- 17/02/2008
Piso: 
2
Curadoria: 
Bernard Blistène
Yann Chateigné
Corpo de texto: 

Um Teatro sem Teatro analisa as relações e intercâmbios entre o teatro e as artes visuais ao longo do século XX. Partindo das teorias desenvolvidas por Vsevolod Meyerhold (1874-1940), Antonin Artaud (1896-1948), Samuel Beckett (1902-1989) e Tadeusz Kantor (1915-1990), entre outros, as quais transformaram profundamente o espaço no teatro clássico, assim como da sua correspondência com movimentos históricos de vanguarda (futurismo, dadaísmo e construtivismo), estrutura-se uma história cujo ponto de inflexão reside no fervor inventivo da década de 1960. São inúmeros os contrastes que se manifestam neste período entre as duas disciplinas, os quais se estendem até finais da década de 1980. A exposição apresenta uma leitura crítica das consequências destas contribuições para a arte, colocando em destaque momentos e autores paradigmáticos e percorrendo itinerários que reconstroem uma teia complexa que ultrapassa uma mera leitura linear e cronológica; de Hugo Ball (1886-1927) e do dadaísmo a Mike Kelley (n. 1954), de Oskar Schlemmer (1888-1943) a Dan Graham (n. 1942), do minimalismo às gerações de artistas pós-minimalistas, como Bruce Nauman (n. 1941) e James Coleman (n. 1941).

A reflexão sobre as influências da linguagem teatral na arte revela-se atualmente uma ferramenta essencial para a interpretação de uma vasta oferta de propostas e atitudes artísticas. Neste sentido, as obras integradas na exposição analisam os diferentes níveis de evolução das formas de relação entre o ator e o espectador, as suas interações nos seus papéis e as suas negociações de espaço, a presença da narrativa e, logo, da oralidade, e a revisão do estatuto de documento. A exposição reflete a constante e mútua interação entre expressões populares e expressões com origem na cultura erudita, do cabaret à ópera, ao rock and roll e à dança, do teatro de rua à performance.

A exposição está organizada em torno de duas linhas essenciais. A primeira centra-se nas atitudes artísticas que encaram o elemento performativo como parte fundamental da sua prática. Este processo exige a assimilação do «tempo real» dos diversos aspetos da ação e de eventos efémeros como as festas de rua e a música popular, a par da recuperação de elementos da cultura de eventos. A segunda linha aborda o debate que emerge da crítica da arte minimalista relativamente à autonomia da obra de arte e às suas convenções percetivas – a renúncia da «visualidade» como única categoria de criação de significado e a ideia da obra de arte como «instrumento». As peças exibidas confrontam-se mutuamente em torno da noção de teatralidade – a construção do espaço, da cena e a duração da experiência, a importância do texto e a necessidade de uma nova atitude da parte do público, muitas vezes interpelado directamente, sempre interrogado no ato de perceção.