Programação 2022 - Exposições
Conheça a programação de exposições para 2022:
Last Folio, de Yuri Dojc
26 janeiro – 29 maio | colmeias
Curadoria: Katya Krausova
Last Folio reúne um conjunto de fotografias de Yuri Dojc que foram selecionadas em conjunto com a curadora da exposição Katya Krausova.
Yuri Dojc e Katya Krausova nasceram ambos na antiga Checoslováquia, tendo emigrado ainda jovens para o Canadá e a Inglaterra, respetivamente, por razões políticas, quando em 1968 o seu país de nascença foi invadido pelas tropas soviéticas, que puseram fim ao sonho da chamada Primavera de Praga e consequentemente à democratização daquele território. Quando iniciaram este projeto, Yuri Dojc era um fotógrafo consagrado pelos seus retratos de judeus sobreviventes do Holocausto, e Katya Krausova era uma cineasta de sucesso. Viviam há quase 40 anos fora do seu país.
Os seus destinos cruzaram-se pelo seu interesse comum em aprofundar a história da Checoslováquia. Juntos desde 2005, viajaram durante dez anos por uma Eslováquia arrasada pela guerra à procura das memórias dos judeus sobreviventes do Holocausto, das suas raízes e das suas identidades, numa tentativa de resgatar a cultura histórica judaica.
O resultado não poderia ser mais tocante. Last Folio compreende um conjunto de fotografias monocromáticas, silenciosas, de uma beleza comovente, que nos remetem para as pinturas de Anselm Kiefer. São imagens únicas pela sua autenticidade e intensidade, tão belas quanto trágicas, de ruínas de escolas, de sinagogas, de livros e de objetos que foram abandonados com a deportação dos judeus em 1942 para os campos de concentração. A exposição inclui ainda um conjunto de retratos contemporâneos de sobreviventes do Holocausto e um filme que, de uma forma poética, nos tocam e testemunham as cicatrizes da tragédia nazi e da destruição da cultura judaica.
Trata-se de uma tragédia que temos obrigação de não esquecer e de fazer lembrar às gerações mais novas — o genocídio de milhares de pessoas, nomeadamente judeus, pelos nazis foi uma das maiores atrocidades da história da humanidade. É nossa obrigação preservar a memória do passado para que os erros do passado não se repitam.
Last Folio constitui assim uma chamada de atenção e uma oportunidade para refletirmos sobre a era de insegurança e receio que vivemos perante a possibilidade de novos conflitos à escala mundial. Face às tensões que vêm acontecendo na atualidade, como os conflitos entre os países árabes, o aumento das ideologias xenófobas, os conflitos civis no Norte de África, que ganharam força nos últimos anos, e a crise dos refugiados, é urgente que os líderes mundiais, que detêm poder e influência, acabem com uma abordagem egoísta sobre a política e, em vez disso, se foquem na prevenção e solução destes conflitos, assegurando que os direitos humanos sejam respeitados.
O Esplendor, de Gérard Fromanger
16 fevereiro – 29 maio | piso 0
Curadoria: Éric Corne
A exposição realiza-se no âmbito do Ano da França em Portugal e apresentará diversas séries que marcam a sua obra: serão aqui apresentadas uma trintena destas, onde se incluem mais de 60 quadros, desenhos e serigrafias, bem como o seu Film-Tract [Filme-Panfleto], de 1968, realizado em colaboração com Jean-Luc Godard.
A obra de Gérard Fromanger é a de um grande explorador do mundo que o rodeia, em permanente sintonia com a estética de descoberta de Walter Benjamin. Embora o associemos frequentemente ao Maio de '68, o artista soube desafiar todo o efeito dialético — aplicar o método da quadrícula e a fotografia. Não é a estranheza inquietante que ele procura: na banalidade das cenas captadas na rua, é a sua revolução permanente, feita de desejos num mundo em que a estética dos anúncios publicitários e alarde mediático faz divagar o espaço da vida e dos sentidos.
Envolvido neste mundo, Gérard Fromanger utiliza a câmara fotográfica para captar, sem pontos de vista deliberados, sem enquadramentos privilegiados, «imagens tomadas como um filme sobre o movimento anónimo do que se passa», nas palavras de Michel Foucault.
Historicamente, há uma convergência entre a sua obra e a pop art, na preferência por cores não moduladas e audaciosas, no interesse por domínios do gosto popular, incluindo a cultura do trash, do desejo, do sensual, do popular, do retrato de celebridades (nomeadamente amigos filósofos, artistas, escritores), e a ênfase colocada nos temas contemporâneos.
A obra de Gérard Fromanger é, todavia, uma rebelião permanente contra um conjunto categorial de convenções artísticas. As permanentes metamorfoses das suas práticas, conduzem inevitavelmente a uma abertura permanente a novas ideias que contradizem uma restrição rígida a um movimento artístico bem definido, como a figuração narrativa. Ele é um pintor, artista livre — franco nas cores e nos espaços.
A exposição terá o apoio da Temporada Cruzada Portugal-França 2022.
Julião Sarmento
11 maio – 25 setembro | piso -1b
A exposição reúne um conjunto muito significativo de obras que marcaram a sua carreira, uma seleção que resultou de uma estreita colaboração do artista com a curadora da exposição, Catherine David.
Curadoria: Catherine David
Julião Sarmento nasceu em Lisboa a 4 de novembro de 1948. Frequentou o curso de Arquitetura da ESBAL entre 1967 e 1974, tendo iniciado a sua carreira na década de 70.
Foi um dos artistas portugueses com um percurso internacional mais solidamente firmado. Passou pela figuração de inspiração pop e pelas práticas pós-conceptuais, com destaque para o filme a que regressou em anos recentes. Julião Sarmento tornou-se conhecido sobretudo como pintor, conotado com o «regresso à pintura», nos anos 80, que são a década de início do seu percurso internacional, com destaque para as presenças na Documenta de Kassel em 1982 e 1987.
Enquanto pintor, Julião Sarmento, utiliza referências muito diversificadas, conjugando citações ora populares ora eruditas com origens muito diferentes. O efeito produzido por essa sobreposição remete sobretudo para dois universos, o da literatura e o do cinema, que funcionam como eixos estruturantes da sua obra.
Inicialmente, as suas pinturas confrontam fragmentos, imagens de glamour e de violência com a palavra, que aparece como uma indicação ou aviso, explorando a imagética do inconsciente e o caracter inquietante do intermitente em representação. Na transição das décadas de 80 para 90, a sua pintura torna-se mais sóbria e contida, adotando uma depuração quase monacal. É o período das Pinturas Brancas, em que predomina o desenho a grafite sobre fundo branco, e que coincide com a plena consagração nacional ao representar Portugal na Bienal de Veneza de 1997. Nesta fase o autor transporta a representação do feminino, desde sempre presente ao ponto de ser a imagem de marca da sua obra, para um novo patamar de subtileza e insinuação. Ao incidir de uma maneira mais explícita sobre a prática do desenho interrompido, o trabalho do artista prossegue a infindável tarefa de fazer coincidir o trabalho de invenção e criação plástica com a exploração do território de formulação e questionação do desejo nas suas infinitas modelações.
Debaixo da Pele, de Miguel Telles da Gama
06 julho – 06 novembro | piso 0
Curadoria: José Luís Porfírio
A exposição Debaixo da Pele, de Miguel Telles da Gama, é uma antologia dos seus trabalhos realizados neste século, escolhidos a partir da evolução das suas exposições individuais. Sem uma total obediência cronológica, a mostra vai apresentar obras que vão ter o desenho como base de evocações imaginárias, bem como de citações, evoluindo para uma utilização constante da apropriação do desenho gráfico, incluindo ilustração e publicidade, da imagem fotográfica e cinematográfica, passando aos fragmentos das artes decorativas tradicionais, até ao espelho cego das armaduras de aparato do século XVI. Assim, Debaixo da Pele pretende apresentar-se como uma transformação constante, sublinhada pelo ritmo das exposições, transformação que é a marca essencial de um trabalho sobre a imagem como fragmento e a cor como equilíbrio.
Luiz Zerbini
14 dezembro – 15 abril | piso 0
Curadoria: Luiz Zerbini
Luiz Pierre Zerbini é um artista que não teme a altura do voo. Transitou pela pintura, pelo desenho, pela escultura, pela fotografia e pela gravura para depois chegar aos universos da cenografia, da instalação e da performance. Não deixou de utilizar também o som como matéria-prima, especial componente dos trabalhos do Chelpa Ferro, coletivo que criou com Barrão (escultor) e Sérgio Mekler (editor de cinema) para investir na geração de novas linguagens sonoras. O elo entre todas as suas obras talvez seja a desconstrução da forma, da cor, do som, da expectativa, do significado, para propor o salto no vazio, no espaço de descoberta.
Numa época em que os temas ligados ao meio ambiente inflamam interesses, discussões e angústias, Zerbini mostra trabalhos imbricados com o tema das florestas tropicais, a Mata Atlântica e a Floresta Amazónica, numa costura que reúne elementos orgânicos e abstratos para produzir um discurso que se sobrepõe à narrativa quotidiana. As suas obras tecem um texto poético contundente, marcado pelas cores que se mesclam num complexo cromático, reinventando pontos de vista para temas sempre profundamente necessários.
Apesar do rigor de formas e linhas, não é isso que nos prende nessas pinturas. Os nossos olhos ficam colados ao jogo entre cores e linhas, simulações precisas de movimentos óticos, invenções de sombras por decréscimo subtil de tonalidades, verdadeiras armadilhas para a visão. A força motriz de todos esses trabalhos é a vontade de Zerbini de devorar o mundo através de tintas e transformar natureza e cultura num espaço único de compreensão das coisas.
Para os que acompanham a sua obra, as suas telas tornam-se quebra-cabeças, criando um lugar lúdico e misterioso. Essa sincronicidade de imagens também aparece como sincronicidade de tempos subjetivos do artista: lembranças de infância, desenhos de juventude, fotos pessoais, etc.
Para mais informação, consulte o
PDF - Programação | Calendário de Exposições 2022
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