Programa de conferências "Desdobramentos do readymade" | Pedro Lapa, "Antinomias do readymade"
“Antinomias do readymade”, por Pedro Lapa
Conferência apresentada em 24-05-2018, integrada no Programa de conferências “Desdobramentos do readymade”, realizado no Museu Coleção Berardo.
Em 1914 Marcel Duchamp inventou o readymade. Numa nota, designou-o como uma espécie de nominalismo pictórico. O readymade marcou para Duchamp a possibilidade de realizar arte em geral, diferente da especificidade de cada uma das artes, um processo nominalista em
que designar um objeto como arte seria suficiente para a sua ocorrência.
Nesta conferência serão analisadas algumas questões suscitadas pela história do readymade, como as que se relacionam com as suas condições de existência, quais os critérios de avaliação daí decorrentes, bem como as antinomias que suscita para uma reflexão sobre arte.
Biografia
Pedro Lapa é professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leciona História da Arte e Teoria da Arte. Foi diretor artístico do Museu Coleção Berardo (2011-2017), curador da Ellipse Foundation (2003-2008) e diretor do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (1998-2009). Foi curador de muitas exposições em todo o mundo e é autor de publicações no domínio da arte moderna e contemporânea, de entre as
mais recentes destacam-se Joaquim Rodrigo a contínua reinvenção da pintura (2016); História e Interregnum. Três obras de Stan Douglas (2015). Atualmente trabalha numa monografia sobre Amadeo de Souza-Cardoso com publicação prevista para 2018.
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Programa de conferências “Desdobramentos do readymade” que aconteceu no dia 24-05-2018, no Museu Coleção Berardo .
Este programa de conferências procura perspetivar as ruturas artísticas introduzidas pelo readymade duchampiano e as múltiplas “ressonâncias” deste nos desenvolvimentos da arte contemporânea produzida entre 1960 e a atualidade.
Mas estas “ressonâncias”, como lhes chamou Thierry de Duve, valem sobretudo como desdobramentos. Se a pop reconsiderou a questão do objeto à luz de um novo quadro cultural de produção industrializada, e se algum conceptualismo reincidiu sobre a instância institucional da arte, auscultando as suas estruturas de poder; os apropriacionistas, por sua vez, retomaram os problemas do valor de cópia da obra de arte e da autoria através da interrogação dos mecanismos ideológicos envolvidos, quer na circulação e no consumo massificados da imagem, quer na construção do olhar ou da ideia de género.
No momento atual, a estratégia do readymade está integralmente assimilada pelas práticas artísticas e pelos discursos da história e crítica da arte. Contudo, não deixamos de reconhecer que ela participa também da apropriação da matéria digital junto de alguns artistas mais recentes, interessados nas condições de acaso e indeterminação do algoritmo, a par da flutuação global da imagem numérica ou dos processos de vigilância do digital e de recodificação dos comportamentos e subjetividades.
Nestas cinco conferências, propomos refletir sobre as relações, continuidades e deslocações que o readymade mantém com estes momentos particulares da arte contemporânea — sem esquecer de olhar para o ano de 1914, em que um secador de garrafas, apresentado como objeto artístico, mudaria o curso da história da arte, assim como a própria ideia de arte.
Programa
09h45. Acreditação
10h15. Abertura
10h30. Antinomias do readymade
Pedro Lapa (FLUL)
11h30-11h45. Pausa
11h45. Objetualismo, iconografia e sociedade de consumo: uma prática apropriacionista na afirmação da Pop Art
David Santos (DGPC)
12h45-14h15. Almoço
14h30. Duchamp disse: “isto é uma obra de arte”; Broodthaers disse: “isto não é uma obra de arte”
Sofia Nunes (FCSH)
15h30. Pictures como readymade
Susana Lourenço Marques (FBAUP)
16h30-17h00. Pausa
17h00. Os filhos ideias de Duchamp
Luísa Ribas (FBAUL)
Organizado pela Revista Contemporânea em parceria com o Museu Coleção Berardo, com curadoria de Sofia Nunes. Entrada gratuita, sujeita ao número de lugares disponíveis.
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Museu Coleção Berardo
1449-003 Lisboa, Portugal
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(Chamada para a rede fixa nacional) www.museuberardo.pt